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A Fada

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A Fada

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Nas profundezas de um bosque vivia a filha de um lenhador.

Seu pai sempre lhe avisava para não ir longe.

— O bosque é perigoso — dizia ele.

Porém, corajosa que só, a garota resolveu seguir até o lago.

Chegando lá, qual foi sua surpresa ao se deparar com uma menina, de cuja testa brotava um chifre.

A pele brilhava como o luar.

Uma cauda formava rastros na água.

E uma flecha despontava de sua perna.

Vendo que mancava, a filha do lenhador cortou uma tira de seu vestido e se aproximou.

A fada se assustou, mas a filha do lenhador foi gentil.

Ganhou sua confiança e fez um curativo.

A fada sorriu ao ver-se livre da flecha.

E como pagamento, a filha do lenhador recebeu um beijo da fada, que, sem querer, encantou o coração de sua nova amiga.


Toda noite, a filha do lenhador ia até o lago, no coração do bosque, na esperança de reencontrar a fada. 

E toda noite ela retornava triste, saudosa de sua amiga.

Desde o encontro, quase um mês atrás, nunca mais se esqueceu dos olhos azuis inocentes, dos cabelos graciosamente desgrenhados e do sorriso de gratidão, tão luminoso quanto a própria lua.

E, claro, nunca mais se esqueceu do beijo.

A garota, de pé na soleira, pousou a mão sobre a bochecha, tentando reviver o momento, mas conseguindo apenas sentir o peito se apertar. Pôs uma expressão decidida no rosto e saiu mais uma vez em direção ao lago, ela e sua lanterna. Caminhou pelo bosque, por entre árvores retorcidas, até encontrar a margem do espelho d'água. Como sempre fazia, sentou-se numa raiz e esperou.

A lua cheia subia vagarosamente no céu, marcando o tempo.

Quando a vela da lanterna estava para se apagar, levantou-se, desapontada mais uma vez. Deu meia-volta, pronta para voltar para casa, quando estancou.

Seus olhos se arregalaram.

Um brilho galopante costurava por entre as árvores.

Um unicórnio.

Um unicórnio de olhos e crina azul.

O animal parou diante da humana, soltou um leve relincho e sacudiu a cabeça, mirando seu olho de safira nela.

A filha do lenhador se aproximou e tocou seu dorso. O animal se abaixou, convidando-a a montá-lo.

A garota o fez e, quando o animal se pôs de pé e olhou para trás, a menina riu. Podia jurar ter visto um sorriso sapeca naquele rosto equino.

Sem qualquer aviso, a fada galopou pelo bosque até uma pequena clareira. Lá a garota desmontou e notou que o unicórnio olhava para a lua.

A garota o imitou.

A astro atingiu o zênite e...

...o que era um cavalo se tornou uma garota de cauda e chifre.

A filha do lenhador sorriu com todo seu ser. 

A fada retribuiu o sorriso e se aproximou até quase tocarem os narizes. Por um instante, perderam-se no olhar uma da outra. A fada acariciou o rosto da amiga.

...que, sem esperar mais, puxou-a para um beijo.

Um beijo que durou até a lua sair do zênite, quando a fada voltou a ser unicórnio.

Diante de tão escasso tempo juntas, uma lágrima desceu da humana. Mas não havia opção. Foi levada para casa, de onde assistiu à fada sumir mais uma vez.


Um mês se passou.

Era novamente noite de lua cheia, quando finalmente as duas amigas poderiam se rever, ainda que por pouco tempo.

A filha do lenhador estava mais uma vez sentada na raiz de uma árvore, à beira do lago, à espera da fada. A menina mirava a lua e os arredores em alternância, como quem checa o relógio. Ao baixar o rosto do céu pela enésima vez, deparou-se com um brilho cintilante sobrevoando a superfície da água. O brilho tomou forma, ganhou cascos, crina e um chifre, e se aproximou a galope até parar diante da menina.

Um unicórnio reluzia magnífico sobre a água.

A filha do lenhador abriu um sorriso tão reluzente quanto.

Aquele não era qualquer unicórnio.

Era ela.

Sua amiga fada!

A criatura se abaixou, a menina o montou e as duas saíram em disparada bosque afora.

Porém, diferente das vezes anteriores, a filha do lenhador sentiu que havia algo errado.

Sua amiga estava tensa.

Tensão esta que logo passou para si ao perceber que a fada pegara a estrada para a ponte do Troll.

Assim que avistaram ao longe a velha ponte de pedras, a fada parou, transformou-se em humana e explicou suas intenções.

O Troll possuía consigo uma chave mágica capaz de abrir uma passagem para o mundo das fadas e, caso fosse derrotado em um duelo de enigmas, seria obrigado a conceder um pedido.

A filha do lenhador disse não ser boas em enigmas, mas a fada disse para confiar nela. Seguiram então as duas o restante do caminho até a ponte, lado a lado.

Ao chegarem, a fada anunciou:

"Troll da ponte, eu o desafio a um duelo de enigmas!"

O troll imediatamente se levantou e mirou as duas meninas com suspeita. Sem escolha, no entanto, foi obrigado a dizer:

"Aceito seu desafio! Aqui vai o meu primeiro enigma: o que pode ser quebrado, mas nunca segurado?"

A fada sorriu de esguelha para a filha do lenhador e respondeu:

"A confiança."

A menina retribuiu o sorriso e segurou a mão da fada com carinho.

O Troll grunhiu e a fada logo emendou:

"Minha vez! Se há três, você tem três. Se há duas, você tem duas. Mas se há uma, você não tem nenhuma. O que é?"

O Troll pensou, pensou e pensou, mas não conseguiu responder.

"Escolhas", disse a fada por fim. "E como você perdeu, não há outra se não me entregar a Chave, que é o que eu desejo."

O Troll, ainda que furioso, atendeu ao pedido.

A fada então se aproximou do tronco de uma velha árvore, enfiou ali a chave e a girou.

Uma porta se abriu, revelando um reino.

As duas amigas se entreolharam, sorriram, deram as mãos e, juntas, atravessaram a soleira.

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